Há 50 anos, Jorge Zalszupin desenhava sua primeira poltrona. Na época, não dava para imaginar que aquele imigrante polonês, que veio para o Brasil logo após a Segunda Guerra Mundial, seria um dos maiores nomes do design moderno do nosso país. Em um tempo em que os móveis mais modernos por aqui eram inspirados na art decó francesa, ele foi um dos responsáveis por trazer propostas inovadoras, ao lado de Sergio Rodrigues, Zanine Caldas e Joaquim Tenreiro, entre outros.
Além da extensa carreira na área da arquitetura, incluindo projetos de prédios na Avenida Paulista, casas memoráveis em São Paulo e no Guarujá, Zalszupin é considerado uma das principais figuras no mercado de móveis de alto design brasileiro.
Esses móveis desenhados por Zalszupin entre as décadas de 1940 e 1960 são referência mundial e muito admirados pelo uso elegante de elementos encontrados nacionalmente na época, como a madeira de lei (especialmente em jacarandá), a tradicional palhinha e as formas curvas da arquitetura moderna no Brasil. Sendo relevantes para o mercado até hoje, eles demonstram a capacidade que Jorge teve de criar obras atemporais.
“[…] Acabei entrando na livraria. Acho que era a primeira vez que fazia aquilo, exceto pelos sebos em que ia e que vendiam livros escolares. Aproximei-me de uma grande mesa coberta com maravilhosas edições de livros de arte. De repente, meus olhos se puseram num volume com a capa de juta e duas letras prensadas, ‘LC’, em preto. Abri e descobri o inimitável traço de Le Corbusier. Estava tão impressionado com a beleza do livro que folheei mais alguns em volta dele. Assim descobri os desenhos do arquiteto Mendelsohn e alguns outros.
Nunca quis ser bombeiro, ou polícia, nem nada que exigisse força e coragem, mas já pensei em ser um engenheiro na indústria de carros, depois de rádios. Tudo sumiu num segundo. ‘Serei arquiteto e pronto.’” (Jorge Zalszupin)